Empatia Criativa
Relacionamentos que transformam
Em 2018, após 10 anos empreendendo, estudando e testando modelos de negócios sustentáveis na indústria criativa, comecei a questionar o mercado de forma sistêmica e a me posicionar mais ativamente sobre alguns assuntos.
A Empatia Criativa surgiu para repensar as disparidades e desigualdades entre gêneros dentro da comunicação, principalmente nas agências. A formação da rede de mulheres acabou originando as frentes de negócios que sustentam hoje as atividades. É um ecossistema interdependente, aprofundado e embasado pelos estudos teóricos e netnográficos, com inúmeras propostas de intervenções e melhorias dentro deste mercado.
Ver também: empatianews, empatiablog, rede despertar, talentos femininos, freelas empatia
Uma pequena semente (desafio 1):
A ideia da iniciativa surgiu em uma comunidade de mulheres de criação no Facebook. Reuni 10 mulheres em sessões de Design Thinking para definirmos como poderíamos potencializar nossos negócios e realizar “vendas casadas”, atendendo como uma agência 360º. No entanto, o primeiro modelo, na prática, não funcionou por disparidade de maturidade entre as participantes com relação à gestão de negócios. Voltando à estaca zero, quis entender quais eram as maiores dores de todo o mercado e não só das mulheres que se reuniram inicialmente nos encontros.
Processo:
Entrevistei e monitorei dezenas de mulheres de comunicação entre 2018 e janeiro de 2019, dentro de um único grupo de discussões que tínhamos no WhatsApp. A nova imersão apontou algumas necessidades como:
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Ter um espaço seguro para conversar sobre qualquer assunto;
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Ter um espaço para encontrar vagas em comunicação que participantes pudessem trocar referências sobre as empresas e pessoas que nelas trabalham;
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Trocar informações relevantes e conhecimentos técnicos e não técnicos;
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Suporte emocional e indicações de trabalhos entre participantes.
Soluções:
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Potencialização em rede com a construção de uma primeira comunidade também no Facebook chamada Rede Despertar (as pesquisas na época, apontaram que o LinkedIn ainda para aquelas mulheres era muito “frio” e que preferiam relacionamentos mais íntimos, mesmo que digitais, pelo Facebook e ou Instagram);
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Em fevereiro de 2019, fiz a expansão de um único grupo em WhatsApp (nosso ponto de contato mais ativo e ágil da comunidade) para 64 grupos segmentados por especializações, dentro da comunicação, com monitoramento, gerenciamento de crises e evoluções e administração de fluxos de entrada, satisfação, aprendizagem e saída. Tínhamos grupos de conversas gerais, vagas segmentadas, discussões de carreira segmentadas e grupos colaterais como os de maternidade, liderança, empreendedorismo, apoio emocional e desapegos sustentáveis. Escolhi aplicar Teoria U para fazer com que os grupos amadurecessem juntos e chegassem a um nível bacana de interação e crescimento das participantes;
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Organicamente, as mulheres começaram a fechar negócios entre si, se indicarem ou divulgarem oportunidades de trabalho, fazendo a rede se expandir e chegar hoje ao número de 5.400 mulheres cadastradas;
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Criação de repositórios compartilhados de cursos, livros e conteúdos técnicos e não técnicos para consulta, também segmentados por áreas;
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Adequação e cadastramento de todas as mulheres, respeitando a LGPD.
O show não pode parar (desafio 2):
Com o crescimento da iniciativa e muitas mulheres buscando acolhimento e trazendo novas ideias, surgiu a necessidade de pensar em atividades, outros sistemas de aprendizagem coletiva além de abrir uma janela de diálogo com as empresas.
Processo:
Voltei às pesquisas, agora com um time voluntário em UX que gerenciei durante 2019 e 2020. Começamos com um censo que durou 6 meses para ser respondido por todas as participantes da rede + 40 entrevistas individuais entre profissionais, recrutadores e lideranças. As novas necessidades apontadas foram:
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Espaço para divulgação dos perfis profissionais (apontada tanto por recrutadores quanto por participantes);
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Necessidade de cursos, workshops ou atividades de aprendizagem mais estruturados (participantes da rede);
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Busca por plataformas de conteúdo sobre desenvolvimento profissional (participantes da rede);
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Espaço para compartilhamento de histórias de vida e carreira (participantes da rede e lideranças em empresas interessadas em conhecer as “dores” femininas);
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Publicações sobre diversidade, ações afirmativas e recrutamento inclusivo (organizações);
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Entender como fazer recrutamento inclusivo e quais são as jornadas ”desejáveis” para mulheres (organizações);
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Contratar times já prontos só de mulheres ou 50/50 em projetos remotos, principalmente quando a pandemia estourou e as organizações estavam completamente perdidas (organizações);
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Participar de eventos que discorram sobre como melhorar a inclusão de grupos minorizados (organizações).
Soluções:
PARA PARTICIPANTES DA REDE DESPERTAR (gratuitos):
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Organização de lives (EmpatiaTalks) com conteúdo relevante para as mulheres, por segmento de atuação. (exemplos: marketing digital, UX, desenvolvimento de conteúdo e uso de ferramentas como figma e notion);
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Desenvolvimento de dinâmicas e conteúdos para debates diários dentro dos grupos de interação;
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Criação do EmpatiaBlog dividido em: Experiências femininas e Conhecimento compartilhado;
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Organização de match entre mentoras e mentoradas.
PARA PARTICIPANTES E ORGANIZAÇÕES (gratuitos)
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Desenvolvimento dos webapps Talentos Femininos e Freelas Empatia , que mesmo em teste já promoveram a contratação de dezenas de profissionais cadastradas;
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Criação da EmpatiaNews, nossa revista digital que aborda diversidade, equidade e inclusão;
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Desenvolvimento de conteúdos para as redes sociais;
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Divulgação de vagas nos grupos segmentados e na comunidade Facebook.
PARA ORGANIZAÇÕES:
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Consultoria em: comunicação, employee experience, processos de transformação e recrutamento inclusivo;
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Recrutamento de integrantes da rede para gerenciamento remoto de projetos pontuais.
Grandes obstáculos (desafio 3):
Soluções:
PARA PARTICIPANTES DA REDE DESPERTAR (gratuitos):
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Migrei parte das participantes dos grupos segmentados de vagas para um canal de divulgação único no Telegram, visando reduzir drasticamente a operação, mas mantendo o objetivo primordial divulgar oportunidades de contratantes. Eliminei todos os grupos segmentados de vagas no WhatsApp;
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Mantive os grupos de UX, o primeiro talks que originou toda a rede e os colaterais por ainda serem pontos de suporte emocional e afetivo das participantes;
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As vagas ganharam uma legenda de classificação de acordo com denúncias e recomendações recebidas das participantes da rede;
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Reduzi as publicações de conteúdos em redes sociais, mas organizei melhor os programas de mentoria e parcerias com cursos e pessoas para palestrarem, compartilhando conhecimentos técnicos e não técnicos.
PARA PARTICIPANTES E ORGANIZAÇÕES (gratuitos)
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Mantive o app Talentos Femininos e Freelas Empatia com arrecadação de fundos por financiamento coletivo;
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Reduzi a frequência de publicações da EmpatiaNews até obtenção de financiamento e/ou patrocínio de marcas;
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Aumentei a divulgação de vagas exclusivas em nosso canal.
PARA ORGANIZAÇÕES:
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Consultoria e gerenciamento de projetos com contratação de mulheres da rede foram mantidos;
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Conversas com lideranças de agências e empresas foram realizadas até novembro de 2023.
A pandemia trouxe demissões massivas no mercado de comunicação. O contexto foi muito agravado para as mulheres conforme apontam as pesquisas e perdemos muitas voluntárias em 2021, tanto na liderança, quanto na operação e isso quase decretou o fim da iniciativa, mesmo que, mais do que nunca, as mulheres precisassem de acolhimento e oportunidades de empregos.
Processo:
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Retomada das matrizes de priorização;
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Definição de um pequeno conselho, composto por participantes mais antigas e ativas para tomada de decisões de forma rápida;
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Continuidade das atividades de monitoramento e enquetes rápidas em alguns dos grupos para entender os momentos de vida e necessidades das mulheres;
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Revisão de todas as atividades internas, fluxos, operações e frequências;
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Identificação dos pontos críticos para continuidade operacional e desenho de um plano de ação;
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Observação, análise e redesenho do posicionamento e de todas as atividades.
Responsabilidades entre 2018 e 2023:
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Expansão da comunidade de mulheres;
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Criação de um modelo de negócio sustentável e revisão constante para mudança rápida, se existir a necessidade;
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Desenho da jornada das usuárias da rede Despertar: do onboarding ao offboarding;
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Escuta ativa de stakeholders e pesquisa de mercado intermitentes;
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Administração dos fluxos de rotina, atendimentos e acolhimento das participantes da rede Despertar;
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Community manager dentro da rede Despertar e em todas as redes sociais, responsável também pela criação de facilitações de aprendizagem coletiva;
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Administradora e curadora dos conteúdos de todos os repositórios compartilhados;
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Criadora e desenvolvedora dos webapps Talentos Femininos e Freelas Empatia;
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Colunista responsável por “papos de Rh” na Revista EmpatiaNews;
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Organizadora dos programas de mentoria e responsável pelo gerenciamento dos matches;
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Mentora de mulheres;
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Organizadora e administradora do programa de voluntariado;
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Conteudista do Empatia Blog;
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Organizadora do EmpatiaTalks (captação, divulgação e suporte dos eventos);
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Principal atendimento para as empresas na divulgação das vagas em nosso canal gratuito;
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Coordenadora do time voluntário de UX;
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Responsável pela abertura de novos negócios e interface com organizações;
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Recrutadora de participantes da rede e gerente de projetos;
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Principal ponto de contato para o atendimento e venda de consultoria;
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Consultora em comunicação interna e jornadas de colaboradoras para as organizações;
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Decisora final de como os fundos arrecadados por financiamento coletivo e/ou venda de projetos são aplicados dentro da rede (em atividades, serviços ou produtos);
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Administradora do canal de denúncias e recomendações internas sobre as agências/empresas;
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Monitoramento intermitente, coleta e análise de dados gerados dentro da rede Despertar;
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Responsável pela adequação à LGPD com abordagens individuais e pela migração de plataformas do WhatsApp para o Telegram de 1/3 das participantes para redução da operação;
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Responsável pelas parcerias com outras iniciativas de impacto social;
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Ponto principal de contato com programas de aprendizagem de organizações e escolas (para parcerias e divulgações);
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Desenvolvedora dos programas “Design Thinking for life” para mentoria de mulheres, aplicado dentro da iniciativa.